Agregação de freguesias não traz "poupança nenhuma"
Em declarações aos jornalistas no final da inauguração do edifício-sede da Junta de Freguesia de S. Pedro da Cova - freguesia que segundo a proposta da reforma administrativa será agregada com a de Fânzeres - Valentim Loureiro afirmou que "cada freguesia tem a sua história" e que "isto não é um problema de território, é um problema de pessoas e é preciso ter respeito pelas pessoas".
"As pessoas deviam ter sido ouvidas e se estivessem de acordo em querer juntar-se para fazer um casamento como a gente faz na vida é evidente que o fariam. Se não quisessem, deveriam manter-se como está", defendeu.
O presidente da Câmara de Gondomar foi perentório: "agregar freguesias com o argumento de que é para poupar dinheiro, isso não é verdade. Não há poupança absolutamente nenhuma, do meu ponto de vista".
"Nas freguesias, o presidente pode ganhar uns 'eurozitos' e mais uns secretários, os outros não ganham nada. É mais uma gestão de carolice, mas que é próxima das pessoas, a quem as pessoas se dirigem para por o seu mais pequeno problema", considerou.
Para Valentim Loureiro, as freguesias "são interlocutores importantes para as populações" e "valem pelas populações, não valem por si e pelo seu território".
Questionado sobre se o edifício-sede da Junta de Freguesia de S. Pedro da Cova hoje inaugurado - cujo investimento foi de 350 mil euros - deixa de ter utilidade caso a freguesia seja agregada, o autarca rejeitou esta ideia.
"Eu já ouvi dizer, esses arautos das agregações que afinal, nas freguesias, vai sair só a equipa do presidente da junta. O resto, o edifício vai continuar, vai continuar cá pessoal, vai continuar tudo e só tiram daqui os presidentes de junta. Sinceramente, discordo", concluiu.
Já o presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro da Cova, Daniel Vieira, disse à agência Lusa que a agregação com Fânzeres, a concretizar-se, criará "uma freguesia maior do que a grande maioria dos concelhos", com cerca 40 mil pessoas.
"A lei foi votada na generalidade, mas consideramos que o processo ainda esta muito longe de se concretizar. Nós não atiramos a toalha ao chão. Consideramos que o processo ainda não chegou ao fim", disse, sobre a reforma administrativa.
Na opinião de Daniel Vieira, o Presidente da República "não tem outra alternativa" que não seja não promulgar a lei, alertando que este processo de reforma administrativa "vai pôr em causa as próximas eleições autárquicas".
"O Presidente da República terá o bom senso de não alinhar neste processo", reiterou.